Não é todo mundo que entende isso, mas eu sou apaixonada por livros - e não apenas pelo seu conteúdo. Sou apaixonada pelo objeto que eles são, pela memória que me trazem, pela história que contam. E "aquela"edição - que agora é minha, obrigada, Cris! - me trazia uma memória muito bonita, de um tempo muito feliz e importante para a minha vida.
Até que eu o abri para reler. Antes mesmo de começar, já me peguei emocionada por uma memória. Na primeira página do livro, a marca em relevo da Livraria Belas Artes, aquele lugar lindo que não existe mais do lado do cinema, onde passei tantas horas, onde gastei tanta conversa. Não é um carimbo, é um relevo, de que meus dedos sentiam saudade sem saber, porque fazia tempo que eu não abria um livro comprado lá.
Depois, foi a vez da orelha do Davi Arrigucci Jr, o primeiro texto dele que li na vida, e que me fez comprar alguns livros que ele escreveu, cujas ideias de certa forma me ajudaram a moldar a maneira como entendo literatura. Eu já sabia o que estava escrito ali, mas eu reli. Até que o texto chegou na metade, eu tive de ir para a última página, para terminar de ler a orelha. E aí, um detalhe de que eu não me lembrava roubou minha atenção:
Entre outras efemérides, lá estavam: "ANO DA XIII BIENAL INTERNACIONAL DO LIVRO", centenário da morte de Robert Louis Stevenson, cinqüentenário do lançamento de O pequeno príncipe, 62º aniversário desta Casa de livros, fundada em 29.11.1931.
Cuidados, delicadezas e lembranças cada vez mais raras de serem vistas.
Pouco mais de vinte anos que me lembram que sim, tudo são coisas do século passado. E eu nem comecei a ler o livro.